Yamaha DT 180 popularizou as trail no Brasil dos anos 1980
Quando foi lançada no Brasil no início de 1981, a Yamaha DT 180
rapidamente fez sucesso. Por muitos anos foi a trail mais vendida no
país e chegou a ocupar a 3ª posição no ranking de vendas geral, atrás
apenas de Honda CG 125 e Vespa PX.
A DT também contribuiu para a evolução do esporte off-road no Brasil
graças à mecânica simples e ao preço acessível. Sua origem está no
modelo criado em 1968, quando a Yamaha saiu na frente entre as
fabricantes orientais e lançou a DT-1 com motor 2 tempos de 250cc e 18,2
cv.
Foi um sucesso de vendas nos Estados Unidos, respondido pela Honda
somente quatro anos depois com a XL 250 Motosport. Até lá, a Yamaha já
lançava novas versões com motores de 125cc e 360cc.
Em 1974, mesmo ano em que a fábrica brasileira foi inaugurada em
Guarulhos (SP) para produzir a RD 50, foi lançada no exterior a DT 175.
Era o projeto que serviria de base para a DT 180 nacional na década
seguinte.
A DT foi lançada no país em 1981 para suceder a TT 125, uma adaptação
da urbana RX 125 com suspensões elevadas, para-lama alto e outras
modificações para uso fora de estrada.
O motor da DT 180 tinha 176cc e medidas de diâmetro e curso maiores
que as da DT 175, na realidade de 171cc. Essas medidas eram as mesmas já
usadas na RX 180 nacional, mas o motor era novo e não aproveitava
sequer o pistão da RX.
Entre as diferenças fundamentais estavam as cinco janelas de
transferência em vez de três da RX. O novo motor produzia 16,6 cv a
7.000 rpm e 1,7 kgf.m a 6.500 rpm, revelando preocupação com a entrega
de desempenho em rotações mais baixas (na RX 180, 17,6 cv a 7.500 rpm e
1,6 kgf.m a 6.500 rpm).
Para que a DT 180 tivesse mais fôlego em baixas rotações, o que é
fundamental em uso off-road na transposição de obstáculos, o motor
contava com tecnologias já usadas pela fabricante em outros modelos.
O Torque Induction consistia numa válvula do tipo palheta para evitar
o refluxo da mistura para o carburador e o Yamaha Energy Induction
System utilizava um reservatório de expansão entre o carburador e o
motor para armazenar a mistura e evitar a interrupção completa do fluxo,
tornando o funcionamento do motor mais suave.
A DT 180 também era equipada com o sistema Autolube para mistura
automática do óleo 2 tempos, que ficava em reservatório separado, à
gasolina vinda do tanque. Isso eliminava a necessidade de adicionar óleo
diretamente ao tanque de gasolina a cada abastecimento.
Não era uma moto revolucionária, mas trazia tecnologias ainda pouco
populares na época como a suspensão traseira monoamortecida. O braço
oscilante inicialmente era feito em tubos de aço, depois substituídos
por outro mais resistente de seção quadrada.
Outras diferenças fundamentais da DT em relação à TT, que a tornavam
mais adequada ao uso off-road, eram bengalas com sanfonas, proteções de
borracha na articulação das alavancas e câmara de expansão do
escapamento posicionada acima do motor, terminando com a ponteira
elevada sob o para-lama traseiro.
Em 1983, já competindo com a Honda XL 250 (25% mais cara), a DT 180
ganhou o sobrenome Super em alusão a algumas evoluções. O braço
oscilante da suspensão traseira de seção quadrada e o câmbio de 6
marchas.
O ano de 1985 marcou a grande mudança que a acompanharia até a saída
de linha em 1997. Com a nomenclatura DT 180N, o design foi renovado pela
tendência de linhas retas, com farol retangular, painel trapezoidal e
tanque mais elevado na altura do bocal, apelidado de “vulcão”, que
ganhou 3 litros de capacidade (total de 13 litros).
Mais melhorias vieram com foco no uso prático, como o assento
avançando sobre o tanque, caixa de ar redesenhada, nova ponteira de
escapamento e pedaleiras traseiras fixadas diretamente ao chassi, e não
mais no braço oscilante da suspensão traseira. A suspensão dianteira
recebeu ajuste pneumático e 20 mm a mais de curso, passando para o total
de 200 mm.
A partir daí as mudanças foram sutis, como em 1988, quando foi
rebatizada como DT 180Z, marcando a entrada de freio dianteiro a disco,
protetores de mãos e piscas trapezoidais já usados na RD 135. Um ano
depois, as conexões elétricas foram revisadas e a suspensão dianteira
perdeu o ajuste pneumático.
Paralelamente, a Yamaha lançou a TDR 180 como versão para uso
on-road. Tinha carenagem frontal, roda dianteira de aro 18 polegadas em
vez de 21 e potência elevada para 18 cv. A TDR não seria bem aceita pelo
público e sairia de linha em 1993.
Em 1991, a DT passou a contar com disco de freio ventilado e foi
lançada a nova DT 200. Era um projeto completamente novo e mais moderno,
com refrigeração líquida e válvula YPVS controlando o fluxo de saída de
gases, que em princípio substituiria a 180.
No entanto, o preço maior manteve a demanda pela DT 180, que
continuou em produção até 1997. A DT 200R seria a última moto com motor
de 2 tempos fabricada pela Yamaha no país, em 2000.
https://www.revistaduasrodas.com.br/noticias/yamaha-dt-180-popularizou-as-trail-no-brasil-dos-anos-1980
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