Honda Africa Twin 1100 Adventure Sports DCT: primeiras impressões
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Aventureira evolui com novo motor mais forte e prova que câmbio automático é uma boa opção para motos, independente do porte.
Por Rafael Miotto, G1 — Sperlonga, Itália - o jornalista viajou a convite da Honda
Depois de ser "resgatada" em 2016 pela Honda, quando a Africa Twin voltou com seu nome de sucesso em décadas passadas, a aventureira ganha agora a sua 2ª geração desta nova fase: a CRF 1100L foi lançada em 2019 na Europa como a sucessora da CRF 1000L.
O modelo chegará ao Brasil? A lógica diz que sim, porque é a renovação
natural da moto em todo o mundo, mas ainda não se pode precisar quando;
ainda mais pela crise de coronavírus. No entanto, o G1 experimentou a CRF 1100L Africa Twin (sim, esse é o seu nome completo) antecipadamente na Itália, em novembro de 2019, antes do início da pandemia.
A versão avaliada foi a topo de linha Adventure Sports equipada com a evolução do câmbio de dupla embreagem da fabricante japonesa, que faz trocas de marchas automáticas; mais conhecido como câmbio automatizado nos carros.
O chamado "Dual Clutch Transmission" (transmissão de dupla embreagem,
em português) pode, à primeira vista, parecer uma escolha duvidosa para
uma aventureira, porém, bastam alguns quilômetros rodados para que essa
ideia desapareça.
Apesar desse "spoiler", a explicação para isso estão nos relatos seguintes dos mais de 300 quilômetros percorridos com a moto.
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Principais novidades da Africa Twin 1100
- Motor de 2 cilindros passou de 998 cc a 1.084 cc;
- Potência subiu de 95 cv a 102 cv (versão europeia);
- Torque foi de 10 a 10,7 kgfm;
- Chassi renovado;
- Peso ficou 5 kg mais leve, com 226 kg na versão standard e 240 kg na Adventure Sports;
- Ergonomia revisada;
- ABS com atuação em curvas;
- Controle de anti-wheeling;
- Painel tátil de 6,5 polegadas com conexão ao CarPlay.
Aventureira automatizada, hein?
A saída foi de Roma e, além de Africa Twin 1100, uma outra companheira,
que estaria quase na viagem toda apareceu: a chuva. O que pode parecer
uma tortura para alguns, acabou sendo mais um fator para poder analisar
os equipamentos da motocicleta, como os freios ABS de ação em curvas e
controle de tração.
A CRF 1100L mudou completamente em relação ao modelo anterior. Com a
chuva a pino e primeiro uma autoestrada pela frente, o DCT se mostrou
muito bem-vindo nestas condições mais precárias. Nos momentos de baixa
visibilidade e sujeira na pista, nada melhor do que focar no controle da
moto, sem a preocupação com o resto.
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O sistema de dupla embreagem fez estreia na Honda lá em 2010, com a já
aposentada VFR 1200F. Na época, o câmbio mostrava seus benefícios e
conforto, mas ainda cometia alguns "deslizes", como trocas em momentos
inesperados e certa dificuldade de controle da moto em baixas
velocidades.
Um dos segredos dessa evolução, vista agora na Africa Twin 1100, é o
novo sistema de medições inerciais de 6 eixos, que é capaz de ler todo o
comportamento da moto: velocidade, aceleração e inclinação. Com isso, o
DCT trabalha com muito mais informações para não fazer a "troca errada"
de marcha.
E não faltaram possibilidade, durante deslocamento, para verificar
várias nuances do funcionamento do câmbio. Passamos por várias
serrinhas, e o DCT sempre entendia bem se a moto estava subindo,
descendo, etc.
Para quem deseja um pouquinho mais de emoção na pilotagem, também é
possível fazer as trocas de marchas de maneira semi-automática por
pequenas "borboletas". Também existe a opção S, mais esportiva em
relação a tradicional D, onde as trocas de marchas são feitas em mais
altos giros do motor.
Em baixas velocidade, ainda não é possível comparar a precisão de
controle de uma embreagem convencional, algo parecido com o que acontece
com a Harley-Davidson LiveWire elétrica, mas é bem eficiente.
Além disso, os outros sistema eletrônicos também fazem uso das medições
da central eletrônica, e eles estão em peso na Africa Twin. Além o ABS e
do controle de tração, a aventureira conta com anti-wheeling, para
evitar que a moto empine, e 4 modos de condução: Tour, Urban, Gravel e
Off-road.
Com essas opções, o piloto pode escolher de que modo a moto reage aos
comandos e também de acordo com o piso que estiver rodando. Assim, todos
acabam funcionando em conjunto, inclusive com o DCT.
'Painelzão'
O novo painel de TFT de 6,5 polegadas pode até parecer um exagero, mas
ajudou muito a visualizar as informações da moto, mesmo totalmente
molhado. Ele tem tela sensível ao toque e conectividade com o CarPlay da
Apple.
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Por enquanto, o sistema ainda não está compatível com o Android Auto,
mas é esperado que também chegue logo à Africa Twin, do mesmo modo que aconteceu com a Gold Wing.
Caso você use a parte superior do painel para navegar com mapas, ainda
há um pequeno painel na parte inferior que mantém sempre todas
informações básicas da motocicleta.
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Para quando estiver em movimento, existe um controle no punho esquerdo
do guidão para fazer eventuais seleções no painel — do outro lado do
guidão estão os comandos para mexer nas opções de câmbio, além do
controle de velocidade.
O novo visor realmente é um dos pontos altos da moto, mas também possui
uma grande quantidade de informações e nem sempre é tão dedutivo nos
comandos. Para quem comprar a motoca deve levar um bom tempo até
descobrir todas as funções e customizações possíveis.
Evolução necessária no motor
A Africa Twin 1000 estava longe de ser uma moto fraca, mas comparada às
principais rivais, como a BMW R 1250 GS e Ducati Multistrada 1260, o
modelo Honda ficava bem atrás. Como o novo nome 1100 indica, o motor de 2
cilindros, avançou de 998 cc para 1.084 cc. Isso resulta em uma
potência máxima de 102 cavalos.
De acordo com a empresa, as alterações trouxeram 7% a mais de pico de
potência, e 6% a mais de no ponto máximo de torque. O resultado visto
durante a viagem é um fôlego maior para a moto, que mantém uma
velocidade de cruzeiro na estrada sem tanto esforço.
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Além disso, a Africa Twin 1100 também ficou mais espertinha nas
arrancadas e, com o bom conjunto com o câmbio DCT, perde muito pouco da
força nas retomadas e trocas de marcha.
A Honda diz que a moto pode rodar mais de 500 quilômetros com o seu
tanque de combustível de 24,8 litros sem necessitar reabastecer. Em
números divulgados na Europa a Africa Twin tem consumo médio de 20,4
km/l.
Vai bem nas curvas
Para quem acha que as estradas europeias são perfeitas, aqui vai uma
constatação: alguns dos trechos entre Roma e Sperlonga, na costa oeste
italiana, estavam em péssimo estado.
Para nossa sorte, como não fizemos trechos off-road com a Africa Twin,
foi um bom aperitivo para ver do que os amortecedores são capaz — algo
também notado nos paralelepípedos dos belíssimos vilarejos. Equipada com
poderosas suspensões da marca Showa, a aventureira mostrou um conforto
acima da média ao passar pelas irregularidades.
Com um garfo invertido de 45 mm de diâmetro e 230 mm de curso na
dianteira, e um monoamortecedor pro-link de 220 mm de curso na traseira,
a moto também garante uma ótima estabilidade nas curvas; e isso que
estamos falando de um modelo com roda de 21 polegadas na frente.
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A Africa Twin 1100 traz confiança para realizar trocas de direção com
leveza e agilidade, fazendo muitas vezes esquecer que se trata de uma
motocicleta de 240 kg. Como opcional, a Adventure Sports pode ser
equipada também com o sistema de ajustes eletrônicos dos amortecedores; o
que deixa tudo ainda mais prático.
Seu assento mudou: está 40 mm mais estreito que a versão anterior, além
de ter ficado mais baixo. A nova medida é de 850-870 mm, graças as
regulagens manuais, contra 900-920 mm, o que deixou a moto mais
acessível.
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Conclusão
Com as inovação, a Africa Twin 1100 está, sem dúvida, entre as
principais aventureiras do mercado. Ao final da viagem, mesmo após dois
dias com muita chuva, a proteção aerodinâmica e ergonomia se mostraram
acertadas.
Uma comparação direta com os rivais é um pouco complicada porque cada uma tem características bem próprias.
A R 1250 GS Adventure, com toda a sua tradição, segue como aquela opção
para quem quer ter quase um "tanque de guerra" de 268 kg para rodar
milhares e milhares de quilômetros; por outro lado, temos a Ducati
Multistrada 1260 que tem a esportividade, como é típico da marca
italiana, como sua principal virtude: ela vai a espantosos 158 cavalos.
A Africa Twin, ainda mais sendo a única a ter câmbio automatizado,
surge como uma proposta mais versátil. Não é tão extrema como as outras,
mas sem deixar também de ter robustez e diversão na pilotagem.
Será que vem mais DCT por aí?
Além da nova geração da Africa Twin, seria interessante ver mais
modelos com o câmbio de dupla embreagem no Brasil. O sistema automático
ou automatizado, como ficou conhecido nos automóveis, está presente
atualmente no scooter X-ADV e na estradeira GL 1800 Gold Wing.
Durante a experimentação com a Africa Twin, também foi possível rodar
com a versão DCT da NC 750X. Inclusive, o sistema combina muito com o
estilo mais racional de uso da NC.
O câmbio funciona com uma das embreagens se encarregando das marchas ímpares, e a outra das marchas pares.
Quando, por exemplo, a 2ª marcha está engatada e sua respectiva
embreagem manda a força do motor à roda, a 1ª e 3ª marchas estão
"pré-engatadas", com sua embreagem em modo de espera. Isso faz com que o
sistema não tenha solavancos como alguns câmbios automáticos.
https://g1.globo.com/carros/motos/noticia/2020/08/17/honda-africa-twin-1100-adventure-sports-dct-primeiras-impressoes.ghtml
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