Teste BMW F 750 GS Edição 40 Years GS - Uma trail polivalente e irreverente
A proposta de média cilindrada da BMW Motorrad para os que querem entrar no mundo das aventuras sem limites está melhor do que nunca. A F 750 GS Edição “40 Years GS” é uma trail polivalente e irreverente.
A
sigla GS, para além de ser a mais popular dentro da gama BMW Motorrad, é uma
das mais famosas em todo o mundo das duas rodas. Uma moto da fábrica de Munique
e que tenha a sigla GS nas carenagens é sinónimo de aventura sem limites. Uma história
que teve iniciou em 1980 com a R 80 GS, e que quatro décadas depois catapultou
a BMW Motorrad para patamares recordistas de vendas anuais.
Para celebrar mais um aniversário da família GS, e embora a nova R 1250 GS Edição
40 Years GS seja a variante que mais destaque consegue, a marca alemã aplicou o
tema “40 Years GS” à F 750 GS, conferindo-lhe um “look” mais especial e com detalhes
premium.
O que faz a nova BMW F 750 GS Edição 40 Years GS destacar-se da versão normal é
o seu esquema de pintura e grafismos. A partir de uma base preto brilhante a
marca alemã acentua as formas da F 750 GS com elementos em amarelo vibrante,
uma conjugação de cores ousada e vistosa, com excelentes acabamentos como nos
habituámos a encontrar nos modelos BMW Motorrad.
Esta variante de aniversário conta ainda com elementos exclusivos como são o
caso das proteções de mãos em amarelo, o assento com forro de dois tons (preto
e amarelo) e logótipo GS em relevo a invocar a icónica R 100 GS, jantes fundidas
em preto mate, sem esquecer o guiador em prateado ou as coberturas do radiador
galvanizadas para complementar o “look” premium.
O resultado final deste trabalho estético é uma F 750 GS que definitivamente se
destaca na estrada, captando o olhar dos transeuntes que ainda ficam mais
espantados quando se apercebem que a unidade de testes que me foi
disponibilizada pela BMW Motorrad Portugal está carregada, literalmente, com
todo o equipamento e acessórios que transformam esta F 750 GS Edição 40 Years
GS numa trail que tem tanto de polivalente como tem de irreverente.
Os modelos F foram adicionados à família GS em 2007. Então com outro motor, de
menor cilindrada, e também de performance mais contida. Nesta geração Euro5 o
bicilíndrico alemão que dá vida à F 750 GS mantém as mesmas características da
geração Euro4. Ou seja, dos 853 cc a BMW Motorrad consegue gerar 77 cv às 7.500
rpm, enquanto o binário máximo de 83 Nm chega às 6.000 rpm.
Nesta mais recente geração o motor dois cilindros paralelo que é partilhado
entre a F 750 GS e a F 850 GS, neste caso com mais potência e binário, recebe
um conjunto de veios de equilíbrio que ajudam a suavizar as vibrações.
Simultaneamente o sistema de escape encontra-se no lado direito da moto ao contrário
de gerações anteriores.
Olhando para as especificações quase que podemos dizer que o motor não será
surpreendente. Mas aos comandos da F 750 GS a realidade é bem diferente. E para
melhor!
O bicilíndrico, graças aos avanços e evolução da injeção e parâmetros da
eletrónica, responde prontamente a baixos e médios regimes, e as rotações sobem
de forma contundente até às 7.500 rpm, altura em que se começa a sentir alguma
perda de força não fazendo qualquer sentido passar desse limiar, pois a única
coisa que ganhamos é vibrações e a sensação de que o motor está em esforço.
Com o motor em modo Road ou Dynamic, este último um modo de condução opcional,
a resposta ao acelerador é perfeita, doseamos na perfeição a forma como
queremos que os 77 cv revelem a sua energia, e a verdade é que a F 750 GS deixou-me
com um sorriso de satisfação.
Para ser sincero, não vejo grande utilidade no modo de condução Rain, também de
série. A resposta aos impulsos no acelerador torna-se demasiado lenta, e dei
por mim a rodar de forma mais intensa o acelerador para obter uma resposta do
motor. A suavidade em Road é de tal forma agradável que nem mesmo um motociclista
inexperiente sentirá necessidade de usar o modo de condução Rain. Depois, e
também como opcional, a BMW Motorrad disponibiliza o modo Enduro.
Este modo adapta os parâmetros do controlo de tração dinâmico e do ABS Pro,
ambos agora instalados como equipamento de série na F 750 GS, para os pisos de
terra.
Confesso que não sou a pessoa mais indicada para explorar a GS de média
cilindrada nos pisos de terra, ainda para mais equipada com três malas Vario, e
o peso adicional que isso acarreta. Mas os pequenos percursos que fiz na terra,
foram percorridos de forma eficiente, com o acelerador a revelar-se no ponto
para garantir que o motor está sempre ali, capaz de entregar os 83 Nm de
binário à roda traseira.
Se há coisa que este motor consegue ser, tal como a F 750 GS promete, é
polivalente. Deixa-se explorar com facilidade nos ritmos mais alegres e vivos,
mas se tivermos de enfrentar um ambiente urbano o dois cilindros alemão não se
vai queixar, e aí revela-se até bastante poupado. Neste meu teste consegui
registar média de consumo de 4,8 litros. O que tendo em conta um depósito de
combustível de 15 litros, permite percorrer muitos quilómetros antes de
atestar.
Para explorar este motor da melhor forma também ajuda o facto da BMW Motorrad
Portugal ter instalado nesta unidade o sistema Gearshift Pro. Esta é mais uma
opção incluída num dos muitos pacotes de equipamento com que podemos configurar
a F 750 GS.
Como não conduzi uma das mais recentes F 750 GS sem quickshift bidirecional,
não tenho a possibilidade de fazer a comparação. O que posso no entanto
confirmar é o excelente funcionamento do quickshift, particularmente nas
subidas de relação de caixa. Nas reduções por diversas vezes senti o sistema
demasiado áspero, em particular nas passagens dos médios para baixos regimes.
Nestes casos preferi apertar a manete, regulável, tal como acontece na
travagem, até porque o seu acionamento é particularmente leve e progressivo.
Conforme já referi, a F 750 GS Edição 40 Years GS que me foi disponibilizada estava
equipada com muitos opcionais e acessórios. E isso tem implicações diretas no
comportamento dinâmico desta trail de média cilindrada. Tanto positivas, como
negativas.
Do lado positivo, a utilização da suspensão Dynamic ESA garante que o condutor
usufrui de uma condução adaptada às necessidades.
O sistema atua no amortecedor traseiro. Temos três modos à escolha: Road,
Dynamic e Enduro, embora este último apenas esteja desbloqueado quando
selecionamos o modo de condução correspondente suavizando bastante o amortecimento.
Se tivesse de escolher um modo de funcionamento do Dynamic ESA, a minha
preferência seria o Road. Não é demasiado rijo, nem demasiado suave. É um ótimo
equilíbrio para desfrutar da F 750 GS num ritmo mais vivo, sem ser demasiado
agressivo, pois a altura ao solo é algo reduzida e nas inclinações mais pronunciadas,
para além dos poisa-pés, facilmente raspamos com o descanso central (um dos
equipamentos incluídos no pack Comfort).
Para evitar isto senti a necessidade de levantar um pouco a traseira recorrendo
ao ajuste da pré-carga, optando então pela afinação indicada para condutor com
malas. Mas isso revelou-se problemático em termos de inserção da F 750 GS em
curva.
O peso das malas Vario, que oferecem uma excelente capacidade de carga e,
felizmente, são mesmo à prova de água, está posicionado demasiado acima no
conjunto e eleva o centro de gravidade. Se a isto juntarmos a longa distância
entre eixos (1559 mm) e a jante de 19 polegadas à frente, tudo isto resulta
numa condução que obriga o condutor a antecipar um pouco os movimentos para
contrariar alguma inércia provocada pelas trocas de inclinação.
Ainda assim, a direção revela uma precisão assinalável e uma estabilidade que
sem dúvida tira benefício do amortecedor de direção. As trajetórias definidas
são mantidas sem qualquer drama, e o guiador bem posicionado permite que o
condutor se sinta sempre confortável e ao mesmo tempo numa posição de domínio
sobre o conjunto.
Se a moto fosse minha, rapidamente removia as malas. Todas. No meio do trânsito
atrapalham, e têm resultados negativos a nível dinâmico. Só mesmo para uma
utilização em viagem.
Por falar em conforto, uma nota positiva para o apoio oferecido pelo assento. A
815 mm de altura o assento poderia ser algo elevado, mas é suficientemente
esguio para facilitar chegar com os pés ao solo, o que garante uma confiança
extra, particularmente nos pisos de terra. Já a proteção aerodinâmica é
suficiente. A F 850 GS ganha este ano o ajuste do vidro dianteiro em altura,
uma característica que não existe no caso da F 750 GS.
A travagem da BMW F 750 GS também merece o seu destaque. O ABS Pro, equipamento
de série nesta geração Euro5, apenas se faz notar nos casos mais extremos em
que apertamos a manete com maior intensidade. E mesmo nesses casos só mesmo se
abusarmos da força, pois a potência de travagem disponível, com a pinça Brembo
a morder bem os discos de 305 mm à frente, é entregue de forma progressiva.
De realçar que o modo Enduro permite desativar o ABS na roda traseira.
O sistema de travagem pode não ser o mais potente do mercado e algumas rivais
utilizam argumentos mais sonantes neste particular, mas a travagem da F 750 GS
é bastante satisfatória e sólida, e nem mesmo o curso de 151 mm da forquilha
dianteira parece retirar qualquer eficácia à travagem.
Por último, e fazendo parte do pacote Conectividade, a F 750 GS Edição 40 Years
GS equipada com o painel de instrumentos TFT a cores, com uma generosa dimensão
de 6,5 polegadas, permite que o condutor ganhe acesso a inúmeras
funcionalidades.
Através da roda Multi-Controller e do botão menu no punho esquerdo, podemos
facilmente entrar numa série de páginas carregadas com informações sobre o
estado da moto. No ecrã principal as informações de velocidade e rotações têm
toda a primazia, e o ecrã TFT tem uma excelente nitidez e luminosidade intensa,
o que permite visualizar as informações facilmente.
Através da app BMW Motorrad Connected podemos ligar o nosso smartphone à moto.
O sistema é intuitivo e abre toda uma panóplia de opções como mapas que depois
permitem visualizar as indicações de GPS diretamente o painel da moto, registos
diversos da viagem, entre outras funcionalidades úteis.
De todos os extras instalados na BMW F 750 GS Edição 40 Years GS que não
testei, o único foi o serviço SOS. E ainda bem, pois se o tivesse utilizado,
provavelmente seria por causa de algo grave.
Veredicto BMW F 750 GS Edição 40 Years GS
A F 750 GS é mais um daqueles casos em que as fichas técnicas não contam toda a
história. O motor bicilíndrico paralelo alemão é bastante mais enérgico do que
parece à primeira vista. Nas condições certas e se não o levarmos para regimes
de rotação demasiado elevados é uma delícia, suave, linear, e até bastante
económico. Claramente parece que tem mais do que os 77 cv e 83 Nm anunciados!
Esta trail de média cilindrada vem bem equipada de série. Ainda mais este ano
em que ganha controlo de tração dinâmico ou o ABS Pro. Vistosa quando “vestida”
com as cores da Edição 40 Years GS, a F 750 GS rapidamente conquista o condutor
pela facilidade com que se deixa explorar.
Mas tal como referi, poder usufruir do nível de equipamento e opcionais que
mencionei, tem os seus custos. Os “packs” Comfort, Touring, Dynamic ou Active
abrem a porta a inúmeros opcionais. O painel de instrumentos TFT a cores é uma
delícia e garante a conectividade tão imprescindível hoje em dia. Até mesmo o
serviço SOS é relevante. Tudo isto garante que a F 750 GS está um passo acima
em termos de equipamento... desde que se pague!
A F 750 GS base tem um PVP de 9.974€. Passando para a Edição 40 Years GS o
valor passa automaticamente para os 10.460€. E no caso da unidade aqui testada,
o valor final escala para os 17.056€.
Neste teste utilizámos os seguintes equipamentos de proteção
Capacete – Schuberth E1
Blusão – REV’IT! Horizon 2
Calças – REV’IT! Horizon 2
Luvas – Ixon RS Slick HP
Botas – TCX Infinity Evo Gore-tex
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