Estrada Real: Caminho dos Diamantes (Diamantina x Ouro Preto)

Trajeto completo do Caminho dos Diamantes, realizado em abril de 2017 em uma Suzuki DR650. Viagem solo, sem companhia de outros veículos. Tempo bom durante toda a viagem, não choveu em nenhum momento. Estrada seca e poeirenta em alguns pontos. Início numa tarde de quinta-feira e término no manhã de um domingo. Era pra ter finalizado na tarde do sábado com tranquilidade, mas tive um problema na moto que me atrasou. 

Recomendado para qualquer moto trail ou bigtrail. Veículos de passeio podem ter dificuldade em alguns pontos, mesmo na seca. Já veículos 4x4 passam tranquilos, mas precisam desviar em alguns pontos, onde só passa moto. 

COMO CHEGAR: 
Diamantina está a cerca de 290km de Belo Horizonte, o caminho até lá é todo asfaltado. Tendo como referência a capital, pega a saída para Brasília (BR-040) e depois para Montes Claros (BR-135). Na altura de Curvelo siga pela BR-259 e, posteriormente, pela BR-367 até Diamantina. 
Se optar por iniciar em Ouro Preto, saia de BH sentido Rio de Janeiro (BR-040). Na altura do Alphaville e Lagoa dos Ingleses entre à direta no trevo para Ouro Preto e Itabirito (BR-356). Trajeto totalmente asfaltado e em boas condições. 

A ESTRADA: 
O ponto de partida é o mercado municipal de Diamantina. O trecho inicial do Caminho dos Diamantes, até um pouco antes de Vau está asfaltado ou calçado. Já próximo do pequeno povoado de Vau o asfalto termina, mas a estrada está em obras, sendo prepara para receber pavimentação. Atenção com as máquinas, homens trabalhando e trajeto sinuoso. Em alguns pontos tem muita sujeira (cascalho) no asfalto. O trecho até Milho Verde é um dos mais bonitos (minha opinião), com belas vistas dos afloramentos rochosos da Serra do Espinhaço. 

No primeiro dia rodei 43km até Milho Verde, onde acampei no camping do Ademar. Aprovetei o final da tarde para tomar um banho na Várzea do Lajeado e suas pequenas cachoeiras. Na manhã seguinte uma ida até a cachoeira da Grota Seca, nos arredores de São Gonçalo do Rio das Pedras, a 12km de Milho Verde. 

Saí de Milho Verde por volta das 13h30, o trecho asfaltado passa por Três Barras, Serro e vai até Alvorada de Minas, mas com pouquíssimo movimento de veículos. Saindo de Alvorada segue um trecho de estrada de terra margeando capões de mata e fazendas, até encontrar o estradão de terra da MG-010. O trecho pelo estradão é curto, logo é preciso tomar à esquerda na entrada para Itapanhoacanga. 

O trecho entre Itapanhoacanga e Santo Antônio do Norte (Tapera) é um dos mais bonitos do Caminho dos Diamantes. É caracterizado por uma forte subida e depois por uma descida bem acentuada, atravessando a Serra da Escadinha. Na parte alta da serra é possível ter ótimos visuais da Serra do Espinhaço. De Tapera a Córregos é uma estradinha entre mares de morros, de Córrego a Conceição do Mato Dentro é uma parte por estradão em bom estado e a parte final pelo asfalto da MG-010. 

Na saída de Conceição, após uma longa subida pela MG-010, é preciso entrar à esquerda numa estrada de terra que leva a Morro do Pilar. A parte inicial do trajeto é caracterizada por uma longa descida bem sinuosa e em condições medianas. Depois da ponte sobre o Rio Santo Antônio começa uma longa subida, já nas proximidades de Morro do Pilar a estrada torna a descer. O trecho é bem sombreado, tendo quase sempre como companhia os capões de mata atlântica da região. 

Morro do Pilar a Itambé do Mato Dentro também é um dos trechos mais belos da rota, principalmente quando nos aproximamos do Travessão, tendo uma bela visão da porção leste do Parque Nacional da Serra do Cipó. A parte inicial é caracterizada por desníveis suaves, já que segue acompanhando o leito do Rio Picão e, depois, do Rio Preto. 

No segundo dia segui até Itambé e fui para o povoado de Santana do Rio Preto, mais conhecida como Cabeça de Boi, a 8km de Itambé. Entre Milho Verde e Itambé foram cerca de 170km. Na manhã do terceiro dia fui conhecer as cachoeiras do Entancado e das Maçãs, nos arredores de Cabeça de Boi. 

Retornando a Itambé, o trecho até Senhora do Carmo está asfaltado e apresenta ótimas paisagens do Espinhaço sul. De Sra. do Carmo até Ipoema é um trecho de estradão em condições medianas, mas com movimento razoável de veículos. Inclusive há linhas de ônibus que trafegam no trecho. 

O trecho entre Ipoema, passando por Bom Jesus do Amparo, até o encontro com a rodovia MG-434 está asfaltado, sendo que o trecho final apresenta muitos buracos. Do encontro com a MG-434 até Cocais é um trecho de estradinha estreita, alguns pontos apresentam muitas pedras (britas) na estrada. Após a BR-381 há um longo trecho entre plantações de eucalipto, onde é preciso ter mais atenção na navegação em virtude das constantes aberturas e fechamentos de estradas. 

O trecho entre Cocais e Barão de Cocais é caracterizado por um acentuado aclive, seguido por um forte declive, sendo assim bastante sinuoso. Possui um trecho entre plantações de eucalipto, que suscitam atenção na navegação. De Barão a Santa Bárbara é uma estrada em boas condições, com muitas curvas. Na altura da "Ponte Nova", após uma parada para fotos, a moto apagou e não ligou mais. O jeito foi empurrar por 2,5km até Santa Bárbara, onde consegui auxílio em um mecânico. Era somente um mal contato num terminal do chicote. Por conta do horário decidi pernoitar em Sta. Bárbara e fazer o restante no 4º dia. 

Santa Bárbara a Catas Altas é um trecho bastante interessante, com ótimos visuais da Serra do Caraça. 5km após Santa Bárbara há um desvio feito na Estrada Real, que originalmente passava por dentro de uma propriedade. Este desvio é feito por uma trilha, não acessível para carros (mesmo os 4x4). Para motos é uma trilha bastante tranquila. Após retornar a estradinha, é preciso passar ao lado de uma porteira trancada, que também impede o acesso de veículos grandes. Para carros o ideal é sair de Santa Bárbara pelo asfalto, sentido Catas Altas, entrando na estrada de terra que dá acesso ao Bicame de Pedras. Aliás, o Bicame é uma construção bastante interessante e merece uma parada. 

Chegando a Catas Altas, com a Serra do Caraça como pano de fundo, segue-se para o povoado de Morro da Água Quente. Próximo ao povoado, na passagem pelo dique de uma represa, veículos grandes devem fazer um pequeno desvio. Já motos conseguem passar pela ponte estreita sem problemas. O local é bem interessante, a represa com a Serra do Caraça ao fundo dá ares de Patagônia ao local. 

O trecho entre Morro da Água Quente e Santa Rita Durão tem em sua parte inicial a companhia da imponente Serra do Caraça. A primeira metade é feita pelo asfalto da rodovia MG-129, já o trecho final é feito por uma estrada de terra em condições medianas, com trechos sobre cangas e erosões. 

ATENÇÃO: em virtude do rompimento da barragem de Bento Rodrigues, o trecho Santa Rita Durão x Camargos não pode ser realizado, há uma guarita poucos km's antes de Bento Rodrigues controlando a passagem. Tampouco há um desvio ou atalho interessante. A melhor opção é sair de Sta. Rita Durão e seguir pelo asfalto até a MG-129 e, de lá, seguir direto para Mariana. 

A partir de Santa Rita Durão o trajeto é todo asfaltado até a Praça Tiradentes, em Ouro Preto. O Caminho dos Diamantes termina no coração de Ouro Preto, com várias opções de entretenimento para o visitante. 

CONSIDERAÇÕES: 
- Com ausência de chuva e terreno seco, o trajeto entre Diamantina e Ouro Preto possui baixa dificuldade técnica, podendo ser considerado tranquilo até mesmo para pessoas inexperientes no offroad; 

- Com chuva e solo mais encharcado alguns trechos podem ficar mais complicados, mas no geral não é uma rota que terá atoleiros e coisas do gênero; 

- No modo speed, sem aproveitar tanto, o Caminho dos Diamantes pode ser percorrido em 2 dias. Em 3 dias o trajeto pode ser feito com alguma tranquilidade, mas é preciso controlar o tempo ao aproveitar os atrativos. Por outro lado, este trajeto pode ser feito em até um mês, diante das várias possibilidades de atrativos naturais e históricos no decorrer da rota. É um dos caminhos com mais opções da Estrada Real; 

- Boa infraestrutura para o visitante em quase todas as cidades e povoados que integram a rota, conseguir resolver problemas simples da moto em um povoado como Milho Verde e uma cidade pequena, como Santa Bárbara; 

- Vários trechos asfaltados, que deverão aumentar ainda mais em um futuro próximo, já que alguns trechos estão em obras; 

- Veículos grandes, mesmo os 4x4, deverão desviar da rota traçada em dois pontos: saída de Santa Bárbara (seguir pelo asfalto para Catas Altas até a estrada de terra que dá acesso ao Bicame de Pedras) e chegada ao povoado de Morro da Água Quente (é um desvio curto, somente para evitar a passagem pela ponte para pedestres); 

- O trecho entre Santa Rita Durão e Camargos, passando por Bento Rodrigues está INTERDITADO. Após Santa Rita Durão é preciso seguir por asfalto até Mariana.


https://pt.wikiloc.com/trilhas-moto-trail/estrada-real-caminho-dos-diamantes-diamantina-x-ouro-preto-17283209

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