Honda CRF 1000 L Africa Twin

 


Um dos modelos ícones da Honda é a Africa Twin, inspirado na XRV 750 Africa Twin dos anos 1980. Sua produção foi paralisada em 2003, e depois de mais de uma década, a Honda decidiu reviver uma lenda do segmento, que na época foi concebida para enfrentar milhares de quilômetros de deserto e areia, e o modelo regressou ao mercado para repetir o caminho do sucesso.

A primeira aparição da nova versão da Africa Twin foi como modelo conceito, denominado na época como True Adventure, no Salão de Milão, a EICMA, em 2014: uma big trail preparada para grandes aventuras, de longas durações. Ela estava toda camuflada e coberta de lama, mas todos acreditavam que poderia ser a Africa Twin. E, finalmente, depois de uma grande espera, a nova versão da Africa Twin foi apresentada ao mundo no Salão de Milão em 2015. No mercado brasileiro, ela chegou no final do ano seguinte, já montada em Manaus (AM).

O NASCIMENTO DE UMA LENDA

Atributos para tamanho sucesso não faltam ao modelo, que carrega uma história marcante desde sua primeira versão, em 1986, quando a Honda disputou e venceu o então Rally Paris-Dakar, uma das competições mais duras e radicais do planeta, utilizando o protótipo NXR 750V, com o piloto francês Cyril Neveu. A primeira vitória da Honda no "Dakar" aconteceu em 1982, também com Neveu, com a Honda XR 500R. Os modelos seguiram evoluindo e a fábrica japonesa conquistou cinco títulos ao todo nesta competição, sendo quatro consecutivos, de 1986 a 1989, quando saiu da competição. Mas o primeiro modelo comercializado foi a XRV 650 Africa Twin, em 1988, com motor V-twin de 647 cilindradas e potência máxima de 57 cavalos, substituída pela XRV 750T Africa Twin a partir de 1989, ainda com motor V-twin, que oferecia 62 cavalos de potência. Sua produção foi cancelada em 2003.

A história ressurge quando a Honda retornou ao Dakar em 2013, lutando para conquistar novamente o lugar mais alto no pódio. Para o Dakar, a Honda apresentou um modelo específico para enfrentar o grande rali, a CRF 450 Rally, e todos os resultados positivos puderam ser vistos na Africa Twin em 2015. Além de ser inspirada na versão para competição, ela aproveita muito a tecnologia investida no rali, cujo desenvolvimento foi rapidamente transferido para esta moderna versão para aventuras. E não podemos deixar de pontuar que neste ano a Honda finalmente conquistou o esperado título no Dakar, com o americano Ricky Brabec.

A LENDA

A CRF 1000L Africa Twin também passou por alterações nos anos seguintes e hoje é disponibilizada no Brasil em duas versões: standard e Adventure Sports com tanque de combustível de maior capacidade, suspensão com maior curso, protetor de motor mais largo, protetor de carenagem e tanque, pedaleiras e para-brisa maiores e banco plano. A versão standard tem preço público sugerido a partir de R$ 61.214 e a Aventure Sports, a partir de R$ 68.603, ambas sem frete ou seguro.

A Adventure Sports se destaca pelas suspensões de curso estendido (20 mm a mais), tanque com capacidade para 24,2 litros de combustível – o tanque da standard tem 18,8 litros – e detalhes que a tornam ainda mais competente para enfrentar roteiros mais exigentes. Há ainda a "versão" Travel Edition, disponível para a básica e Aventure Sports, equipada com acessórios oficiais, como proteções tubulares, cavalete central, malas laterais e top case.

A Honda oferece acessórios como o Kit Top Box, com acabamento em alumínio escovado, 35 litros de volume e sistema de abertura One Key, que custa R$ 3.368,29. Outro acessório é o kit de malas laterais, também com acabamento em alumínio escovado, sistema One Key e capacidade para 40 L (esquerdo) e 30 L (direito), comercializado por R$ 5.684,68. Destaque também para o cavalete central (R$ 1.750,01), protetor de tanque e carenagem (R$ 4.074,85) e para-brisa elevado (R$ 1.151,04).

A novidade da Honda apresenta um poderoso motor compacto bicilíndrico paralelo de 999,1 cilindradas, com quatro válvulas por cilindro, comando único de válvulas no cabeçote (Unicam) e refrigeração líquida. O câmbio possui seis velocidades, e a embreagem é deslizante. A caixa do filtro de ar é nova e o sistema de escapamento 2 em 1 agora tem dois catalisadores e ponteira de menor dimensão. A potência subiu para 94,6 cv (antes era 90,2 cv) a 7.400 rpm, assim como o torque máximo, para 9,7 kgfm (antes era 9,3 kgfm) a 6.000 rpm.

Foi introduzido o acelerador eletrônico TBW (Throttle By Wire) e o controle de tração HSTC (Honda Selectable Traction Control) foi ampliado para sete níveis – o nível 1 é para pilotagem agressiva no fora de estrada e o nível 7 é para máxima sensibilidade em pisos escorregadios. É possível ajustar os parâmetros do controle de tração de acordo com a necessidade e escolha do piloto, além da possibilidade de poder desativá-lo (Off).

São quatro os modos de pilotagem: Tour, Urban, Gravel e User. No modo Tour, o nível de potência (Power) é máximo (1), o nível do freio motor (Engine Braking) é médio (2) e o HSTC é muito atuante (6). No Urban: potência média (2), freio motor médio (2) e HSTC muito atuante (6). No Gravel: potência mínima (3), freio motor mínimo (3) e HSTC muito atuante (6). O modo User permite ao piloto selecionar e salvar sua combinação preferida entre os três parâmetros (Power, Engine Braking e HSTC). Modos de pilotagem e nível do HSTC podem ser alterados a qualquer momento usando os controles situados no punho esquerdo.

Fechando o assunto motor, este recebeu novo sistema de lubrificação, tipo cárter semisseco, cujo reservatório do óleo está incorporado ao cárter, com dimensões reduzidas.

O chassi em berço semiduplo é construído com tubos de aço e seis pontos de fixação do motor, objetivando reduzir a vibração e eliminando a necessidade de um amortecedor de direção.

O conjunto de suspensões apresenta garfo Showa invertido, com 45 mm de diâmetro e 230 mm de curso e é totalmente ajustável, conforme o uso e perfil de pilotagem; e na traseira há o sistema Pro-Link com amortecedor também Showa totalmente ajustável, gerando curso de 220 mm. Na Adventure Sports, o curso é 20 mm maior em ambas as rodas.

Quanto aos freios: dois discos flutuantes dianteiros tipo “wave”, com 310 mm de diâmetro e pinças Nissin de quatro pistões montadas radialmente, e disco traseiro com 256 mm, também “wave” e com pinça de pistão único, ambos com ABS, que pode ser desligado. As rodas são raiadas, claro, com 21 polegadas na frente e 18 polegadas atrás, e recebem pneus de medidas 90/90 na dianteira e 150/70 na traseira.

Outro diferencial entre as versões é a altura do assento, que pode ser ajustada: 850 mm ou 870 mm na standard, e 900 mm e 920 mm na Adventure Sports. Além disso, a última versão apresenta para-brisa maior, assento plano e posição de pilotagem mais ereta.

Ainda nas novidades, a Africa Twin recebeu nova bateria de íon-lítio, que reduziu em 2,3 kg o peso da motocicleta; painel de instrumentos redesenhado, com tela retangular LCD tipo “blackout” apresentando múltiplas informações. O sistema ótico é formado por farol duplo com LEDs. O peso (seco) informado é de 216 kg na standard e 224 kg na Adventure Sports.

TRUE ADVENTURE

A Honda CRF 1000L Africa Twin segue todos os padrões da Honda, tanto no acabamento como na performance, permitindo a pilotagem de pilotos de qualquer nível. Trata-se de uma motocicleta versátil e de fácil condução, muito equilibrada. Costumamos ver modelos big trail grandes, robustos, altos e bem pesados quando carregados. No entanto, este modelo da Honda foi desenvolvido seguindo a plataforma e design da CRF 450 Rally, o que deixou a Africa Twin estreita e mais leve, apesar do chassi em aço. Além de ser fácil pilotá-la, é muito ágil. Tanto no asfalto quanto na terra, ela é estável e rápida nas mudanças de direção. Mas é na terra que se destaca bastante quando comparada com as concorrentes, justamente por ser leve e estreita.


O motor é bem compacto e responde de forma comportada e adequada na terra e no asfalto. A entrega da potência é bem linear, progressiva. Suas características condizem com a intenção da Honda em oferecer uma motocicleta que pode ser pilotada por qualquer nível de piloto. Assim, os inexperientes poderão se divertir, assim como os mais arrojados, mesmo na terra.

O comportamento do acelerador eletrônico é suave e direto. Os mapas diferem bastante entre si e aumentam muito a segurança se usados corretamente. As interferências são suaves e naturais, mas você realmente sente a diferença do comportamento do motor em cada mapa, combinando entrega de potência, freio motor e controle de tração de forma adequada. Por exemplo, no modo Tour e Urban, com nível de potência máximo e médio, respectivamente, a alteração da potência é marcante; e no modo Gravel, com nível de potência e freio motor mínimo e HSTC muito atuante, ela fica mais dócil. Escolher o modo correto para cada situação aumenta a segurança e não diminui a diversão. Durante o teste, não tivemos tempo para utilizar o modo User, que permite personalizar uma combinação entre Power, Engine Braking e HSTC. Neste modo, no entanto, o nível de potência e freio motor só podem ser alterados com a motocicleta estacionada – apenas o nível do controle de tração pode ser alterado com ela em movimento, independente do modo selecionado.

As suspensões são muito macias e confortáveis, ainda mais na versão Adventure, que apresenta maior curso na dianteira e traseira. Pode-se exigir um pouco mais na terra, onde a suspensão absorve muito bem as imperfeições do terreno e ajuda bastante nas freadas e nas retomadas. Você também pode confiar plenamente nos freios, que deixam a moto muito equilibrada e passam confiança e segurança tanto no asfalto como na terra, lembrando que o ABS deve ser desligado na condução na terra e que esta desativação acontece somente na roda traseira.

A versão Adventure Sports, com tanque, protetores de mão, para-brisa e banco maiores, proporcionam mais conforto e maior autonomia, itens fundamentais em viagens de longa duração. A altura do assento é fundamental na pilotagem, e na standard, mais baixa, a confiança aumenta principalmente na terra. Mas você vai se sentir seguro na versão Adventure Sports, que apenas exige mais de atenção nas paradas. Bem-vindas são as pedaleiras mais largas na Adventure Sports, fundamentais na terra.



A Africa Twin é perfeita para os aventureiros que procuram conforto e versatilidade. Ela vai bem tanto no asfalto como na terra. Resumindo, a nova Honda CRF 1000L Africa Twin continua intimidadora e intrigante, e a versão Adventure Sports vem para atender aqueles que buscam viagens com muitos quilômetros.

ESPECIFICAÇÕES (básica / Adventure Sports)

Motor: bicilíndrico paralelo, 8V, Unicam, refrigeração líquida

Cilindrada: 999,1 cc

Alimentação: injeção eletrônica PGM-FI

Transmissão: seis velocidades

Chassi: berço semiduplo, em aço

Altura do assento: 850 e 870 mm / 900 e 920 mm

Suspensão dianteira: Showa, invertida, 45 mm de diâmetro, 230 mm de curso, totalmente ajustável / 252 mm de curso na Adventure Sports

Suspensão traseira: sistema Pro-Link, amortecedor Showa, 220 mm de curso, totalmente ajustável / 240 mm de curso na Adventure Sports

Freio dianteiro: disco duplo, 310 mm de diâmetro, pinças c/ 4 pistões, ABS

Freio traseiro: disco, 256 mm de diâmetro, pinça c/ 2 pistões, ABS

Potência: 94,6 cv a 7.500 rpm

Torque: 9,7 kgfm a 6.000 rpm

Tanque: 18,8 L / 24,2 L

Peso (seco): 216 kg / 224 kg



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