Cuidado!! Motociclos aumentam risco de sociabilidade

Já repararam que as pessoas com motas tendem a ser mais simpáticas, sorridentes, educadas e conversadoras? Será bicho? Será perigoso?

Vivemos numa rotina. Todos os dias fazemos praticamente a mesma coisa, às mesmas horas, encontramos frequentemente as mesmas pessoas nos parques de estacionamento, nos elevadores, nos restaurantes, nos transportes públicos, e se calhar nunca alongámos a conversa além do bom dia. Vivemos com milhares de pessoas à volta, mas totalmente isolados na nossa “bolha”.  Isto, quando não temos uma mota.
As motas são os melhores desbloqueadores de conversa. Fazem de nós pessoas mais sociáveis e divertidas. Estacionamos e dizemos bom dia, comentamos o tempo, a mota, um ou outro acessório, rimos um pouco, e em poucos minutos temos um “amigo” feito que até nos entrega a chave e diz: mas quer dar uma voltinha e experimentar a mota? E a partir desse dia há sempre tema de conversa, um sorriso, partilha de ferramentas, de sugestões, e uma ajuda sempre que for preciso.

Nos semáforos “acenamos” num:  Olá eu vou galar a tua mota um bocadinho, mas com todo o respeito. E muitas vezes nem precisamos da magia das duas rodas. Basta entrar de capacete na mão e lá vem a conversa de forma natural.
- Oh Susana, mas em pouco tempo já conheces toda a gente? Toda a gente mete conversa contigo?
- É a malta das motas. – Esta é sempre a minha resposta, e a cara de quem não entende este “grupinho” (como muito chamam) também é sempre a mesma. Mas ela mete conversa com todos? Não. Só com a malta das motas!
Se eu estacionar o carro num centro comercial ou numa garagem, e começar alegremente a falar com o senhor ao lado sobre pneus, vidros ou sobre o estado do tempo vão achar que sou maluca. Se eu acenar ou sorrir para a pessoa do carro ao lado num semáforo, vão pensar que sou maluca. E se um condutor me entregar a chave do carro dele e me disser - “Pode ir dar uma volta se quiser”, ou “Quer sentar-se e ver se gosta? - eu vou achar que ele é maluco (e talvez fugir…). Se calhar estacionamos o carro ao lado da mesma pessoa há anos, e não sabemos nada dela. Isso é praticamente impossível se tivermos uma mota.  

Porquê esta diferença? Porque as pessoas tendem a ser mais sociáveis quando partilham paixões.   
Nunca fumei. Mas sempre achei interessante ouvir de um ex-fumador – “Sinto falta de ir lá fora fumar”. Ora eu duvido que alguém sinta falta do frio, da chuva ou do sol escaldante que muitas vezes aguenta para poder satisfazer o vício. São os momentos de conversa e de convívio que deixam saudade.
Também sempre ouvi dizer que não há nada melhor para meter conversa ou engatar alguém do que passear um cão. Nunca passeei um cão, mas também duvido que haja uma relação direta entre o animal e o súbito aumento de simpatia ou de vontade de tagarelar. Mas há uma alegria em partilhar com terceiros a nossa paixão pelos animais. E de forma natural, a conversa flui, a amizade surge e o grupo é criado.
O carro é uma “bolha” fechada. É um simples meio de transporte. Podemos gostar da marca, da cor, do design, do conforto, mas nunca passa do meio de transporte. A mota é um meio de transporte? Sim. Mas é também uma paixão que gostamos de partilhar com terceiros. 
Não há portas fechadas, não há barreiras. Também é fantástico seguir pela estrada sozinha, ter uma daquelas esclarecedoras conversas de capacete que nos alinham as ideias de uma forma incrivelmente eficaz, ou ouvir música enquanto abanamos (literalmente) o capacete. Mas no final, não batemos com a porta e seguimos a nossa vida. Se calhar sorrimos e dizemos para a pessoa que acabou de estacionar ao lado: “Onde é que …”  
Boas curvas!


https://www.andardemoto.com.br/opinioes/47185-cuidado-motociclos-aumentam-risco-de-sociabilidade/

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