Dicas de Manutenção – Como limpar e lubrificar a corrente da moto
Uma corrente de transmissão limpa e lubrificada é sinal de
moto mais saudável! Muitos motociclistas desconhecem a necessidade de manter
este componente limpo e lubrificado, e muitos outros não sabem como o fazer.
Aqui ficam as nossas dicas para manter a corrente da moto limpa e lubrificada.
Se eu lhe
perguntar a si quais os componentes que você considera como mais importantes
numa moto, o mais provável é que a sua resposta se divida entre motor, travões,
suspensões, quadro, ou mais recentemente com a entrada em cena das unidades de
medição de inércia o pacote eletrónico. É natural que a sua resposta seja neste
sentido, pois de facto é aí que todos centramos as nossas atenções.
Mas há outros componentes que devem merecer a nossa atenção quando realçamos a
sua importância na performance da moto. Já aqui falámos no Andar de Moto sobre
os diferentes tipos de transmissões mais comuns que podemos encontrar nas motos
atuais, e quais os seus prós e contras.
A transmissão final por corrente é uma das opções mais populares por parte dos
grandes fabricantes, e embora à primeira vista uma corrente que une o pinhão de
ataque (à frente) e a cremalheira (atrás) pareça uma solução relativamente
básica, a verdade é que é uma solução bastante eficaz.
As
correntes de transmissão final podem estar localizadas tanto do lado esquerdo
da moto, como no lado direito. Há correntes para motos de menos cilindrada, há
correntes para motos desportivas com mais de 200 cv. E se calhar devemos
começar, antes mesmo de falar de como limpar e lubrificar a corrente, por
perceber quais os diferentes tipos de correntes de transmissão que podemos
encontrar e usar nas nossas motos.
Há, basicamente, três tipos de correntes para motos:
- Não seladas: Normalmente são encontradas em motos mais antigas, não têm
qualquer tipo de lubrificação interna. É apenas uma corrente composta por elos
metálicos interligados entre si de forma direta. Por esta razão estas correntes
obrigam a uma manutenção mais cuidada;
- O-ring: Estas correntes contam com um O-ring que fica colocado na união entre
os elos da corrente. Estes O-rings permitem manter os pinos que fixam os elos
lubrificados, e ao mesmo tempo impedem a entrada de terra e outros detritos
para a corrente;
- X-ring: Estas correntes são praticamente iguais às O-ring, mas o formato do
selo de borracha é em X e não em O. Foram inicialmente desenvolvidas para uso
em competição, pois têm menor atrito e com isso aumentam a velocidade. O preço
é bastante mais elevado do que as mais convencionais O-ring, pelo que a sua
compra / utilização deverá ter em conta a utilização da moto. Será uma corrente
ideal para quem procura ganhar aqueles milésimos de segundo em pista.
Não
tem a certeza de qual é o tipo de corrente que tem na sua moto? Será uma O-ring
ou uma X-ring? Não há problema! Olhe para a corrente da sua moto, mais
especificamente para a secção da corrente que está a cobrir e agarrada à
cremalheira. Nesse local são visíveis as peças de borracha (selos) entre os
elos da corrente. Essas borrachas têm um formato em O ou em X? Está aí a
resposta à sua dúvida.
Agora que já ficou com uma ideia do tipo de corrente que pode encontrar e usar
na sua moto, vamos então limpar e lubrificar a corrente! Mas vamos preparar
esta operação de manutenção antes mesmo de sujar as mãos com o óleo de
corrente.
Para completar esta operação de manutenção vai necessitar de algumas coisas:
dois panos (t-shirts velhas são uma ótima opção), luvas de borracha
resistentes, spray WD-40, papel absorvente de cozinha, um bocado de cartão, e,
claro, o spray lubrificante para correntes de moto.
No
caso aqui apresentado a moto vem equipada com suportes para cavalete. Estes
permitem que a moto seja levantada de forma segura, permitindo rodar a roda
traseira sem a moto ter de sair do mesmo sítio. Há motos que têm descanso
central, que não sendo a mesma coisa que um cavalete, o efeito final é
efetivamente o mesmo levantando a roda traseira.
Se a sua moto não tiver nenhuma destas opções, vai ter um pouco mais de
trabalho pois terá de andar com a moto para a frente e para trás, para além da
mesma ficar inclinada para a esquerda. Se a corrente da moto for do lado
direito, o problema não é tão grave. Se a corrente estiver do lado esquerdo,
vai ter de se dobrar mais um pouco.
Uma última nota para o facto de que a limpeza e lubrificação da corrente da
moto deve ser feita imediatamente após parar a moto depois de a conduzir. Isto
significa que vai estar a limpar e lubrificar a corrente com a mesma estando
quente. A sujidade sai mais rapidamente, enquanto o spray lubrificante
agarra-se à corrente mais facilmente.
Passo #1 - Limpeza da corrente
Calce
as luvas, e pegue num pano e no WD-40. Borrife o pano com o WD-40, esse produto
que faz verdadeiros milagres e parece funcionar em tudo. Na zona da cremalheira
comece por esfregar de forma mais enérgica o pano na corrente. Vá rodando a
roda traseira e limpe toda a corrente. O WD-40 tem dois efeitos: limpa a sujidade
e protege lubrificando. Continue a esfregar até verificar que mesmo no interior
dos elos da corrente não existe sujidade.
Há quem use nesta fase uma escova para conseguir limpar o interior dos elos da
corrente. Caso faça isso, a nossa recomendação é para usar uma escova com pêlos
suaves. Uma opção “low cost” será uma escova de dentes, mas há no mercado
opções específicas, com escovas dentro de caixas, que permitem limpar a
corrente, com a sujidade a ficar contida na caixa.
Passo #2 - Remover excesso de WD40
Depois
de limpar, utilizar um pouco de papel de cozinha para absorver e remover o
excesso de WD-40 na corrente. Este é o momento em que pode também perceber se a
corrente está, de facto, limpa, ou se ainda necessita de ser mais limpa. Se o
papel de cozinha apresentar marcas pretas de óleo sujo, convém repetir o passo
#1.
Passo #3 - Lubrificação da corrente
Depois
de removido o excesso de WD-40, e porque o normal WD-40 não é o produto
adequado para lubrificar corretamente a corrente de transmissão de uma moto, temos
então de utilizar um spray de corrente específico. Neste particular há diversas
opções no mercado, das mais variadas marcas, cada uma com os seus prós e
contras.
Por exemplo, eu prefiro usar nas minhas motos os sprays de corrente tipo cêra
ou gel. Estes sprays apresentam uma consistência mais espessa, agarram-se
melhor à corrente, e sujam menos a moto quando a conduzimos. A parte negativa é
que estes sprays não conseguem penetrar tão bem nos elos da corrente.
Os sprays mais líquidos salpicam facilmente as jantes e toda a traseira da
moto. No entanto penetram muito melhor nos elos e garantem uma lubrificação
mais pormenorizada. Há quem utilize uma combinação destes dois tipos de spray,
usando o mais líquido primeiro e depois usando o mais espesso para finalizar.
Para ser sincero, não tenho dados objetivos que permitam afirmar que esta opção
de usar os dois tipos de spray tenha mais benefícios.
Então
e como é que deve colocar o spray? É comum ver os nossos amigos a precisarem de
lubrificar a corrente da moto, param num sítio qualquer, e dão umas
“borrifadelas” de spray na corrente que cobre a cremalheira pela parte exterior
da corrente. Ora, com a força centrífuga exercida sobre a corrente com a moto
em andamento, esse spray vai saltar da corrente de forma mais fácil, o que não
apenas diminui a lubrificação como suja a moto.
A maneira mais correta, embora dê mais trabalho, é colocar um bocado de cartão
por trás da corrente, entre a corrente e a roda, e depois aplicar o spray no
interior da corrente, rodando a roda para ir aplicando o spray ao longo de toda
a corrente. Assim protegemos o pneu e outros componentes de levarem com o spray
lubrificante. Desta forma quando a moto estiver a andar, a força centrífuga irá
“empurrar” o spray lubrificante do interior para o exterior da corrente, o que
não só leva a uma melhor lubrificação, como também não suja tanto.
Cuidado
com os excessos!
Ao colocar o spray na corrente tenha em consideração que o excesso de spray que
é colocado será mau para si em duas vertentes. A primeira vertente é ao nível
monetário. Uma lata de spray lubrificante de corrente não é demasiado
dispendiosa, mas se usar em excesso de cada vez a lata não vai durar muito.
Tendo em conta que devemos limpar e lubrificar a corrente a cada 3 a 5
depósitos de combustível (varia conforme as condições de utilização da moto),
isso pode significar um “rombo” no nosso orçamento ao final do ano.
A segunda vertente, e esta é bem mais importante, é ao nível da segurança.
Spray de corrente em excesso vai salpicar a jante e o pneu, conforme pode ver
na foto. Como é óbvio, spray no pneu é o que não queremos, pois o pneu traseiro
vai escorregar. Use a quantidade de spray suficiente para cobrir a corrente.
Não vale a pena deixar a corrente a “pingar”.
Passo #4 - Limpeza final
Depois da corrente estar lubrificada, o meu conselho é
esperar um bocado antes de realizar este passo. Normalmente eu espero pelo
menos 12 horas entre o passo #3 e o passo #4. Isto permite que o spray seque e
se agarre melhor à corrente enquanto esta arrefece de um dia para o outro.
Em relação à limpeza final, o que pretendemos aqui é remover um pouco do
excesso de spray lubrificante que fica no exterior da corrente. Pegue no
segundo pano (o que não está sujo) e aplique um pouco de WD-40. Não é preciso
muito. O objetivo é passar o pano em todo o comprimento da corrente, sem fazer
grande esforço, de forma a limpar “levemente” a corrente. Não limpar o interior
da corrente!
No final poderá verificar que o interior da corrente, e mesmo a cremalheira,
estarão com o spray lubrificante, enquanto o exterior dos elos da corrente
estará a brilhar como novo.
https://www.andardemoto.pt/moto-news/45208-dicas-de-manutencao-como-limpar-e-lubrificar-a-corrente-da-moto/
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